segunda-feira, 28 de maio de 2012 | By: PAULO HENRIQUE TÜCKMANTEL DIAS

Bar e Restaurante do Perceu





VENDA DO PERCEU
Sua História...

Sua história começou com o sonho de um lavrador que sonhava ser comerciante.

Este lavrador Chamava-se Perceu Pereira de Godoy, nascido na querida cidade de Pirassununga no dia 16 de fevereiro de 1933, casou-se aos 23 anos, no dia 05 de outubro de 1957 com Olivia Bichoff de Godoy, foram morar no Bairro Matão como lavrador, onde nasceram José Maria, Valmir e Teresinha.

No dia 08 de julho de 1961, Perceu inaugurava seu “SONHO”, no Bairro do Retiro ele havia construído seu novo lar e começava a realização de seu Sonho “o de ser comerciante”.

Começou vendendo “secos e molhados” como arroz, feijão, banha de porco, cebola, batata, sapatão, elástico, alfinete, linhas de costura e de bordar, chapéus, chinelos, querosene que era muito usado em lamparinas. Por falar em lamparinas ele era um dos poucos da zona rural que possuía gerador para gerar energia, para a iluminação e para bomba de poço, era uma das poucas casas da zona rural que tinha essas “mordomias” para a época. Ele sempre esteve atento a necessidade da população rural e da melhor maneira possível procurava satisfazer suas necessidades.

Na década de 60, quando da construção da ACADEMIA DA FORÇA AÉREA, a venda era freqüentada pelos “CANDANGOS” que eram os trabalhadores que trabalhavam na construção da academia, e moravam em alojamentos dentro da AFA eles vinham até a venda para que mamãe fizesse FRANGO CAIPIRA COM POLENTA, FRANGO AO MOLHO PARDO, CARNE DE SOL E etc. E também para saborear a lingüiça na pinga, que era servida e consumida no balcão da venda.

Com uma visão de empreendedor, meu pai construiu um espaço com dois campos de “botia”, um para os casados e outro para os solteiros, que era usado pela população do bairro Retiro e bairros vizinhos como o Campo Alto, Matão e Santa Teresa. O pessoal se reunia para conversar, jogar “botia”, baralho e Malha.
Com a iluminação a gerador podiam usar o espaço também à noite. As noites de Sábados e os Domingos eram muito freqüentados.

Meu pai contava que na região por ter uma população de origem européia tinham muitos torcedores do Palmeiras e outros times e não tinha ninguém que torcia pelo São Paulo, e para que as conversas ficassem mais animadas começou a torcer pelo Tricolor Paulista, e foi fanático, lembrava da escalação de seu time de vários campeonatos anteriores, e para ficar “por dentro” do assunto e não falar “bobagem” lia sempre que podia jornais e revistas e assistia programas de radio.

Sua paixão pelo futebol fez com que ele, Tim do Teco, José Baiano e outros fizessem um campo de futebol ao lado da venda e formassem um time conhecido como time do “RETIRO”, este time foi campeão Amador da Cidade por várias vezes e ainda hoje um pessoal ainda com paixão pelo time tentam mantê-lo em atividade, não vou citar nomes para não deixar alguns esquecidos, mas torço para que eles consigam manter o TIME DO RETIRO sempre em evidencia no cenário esportivo da Cidade.

Ao lado da venda foi construída em meados dos anos 60 uma escola rural para atender a população local, que se chamava “17 escola Mista do Bairro do Retiro” lembro-me da primeira professora de meu irmão José Maria, ela chama d.Arminda e ia dar aula com o caminhão que transportava leite, era uma única sala para três anos escolares, primeiro, segundo e terceiro ano e as provas finais eram feitas pelo inspetor de ensino que vinha especialmente para isso, essa escola funcionou até o ano que minha irmã caçula Maria Regina fez o terceiro ano, isso acho no ano de 1969.

Além da venda ele também continuou a plantar no sistema de “ameia” e criava porcos para o consumo e para vender. No ano de 1963 nasceu Maria Regina sua quarta filha.

No ano de 1965, sofreu um acidente de ônibus quando fazia uma excursão com vários amigos e com os dois filhos José Maria e Valmir para APARECIDA DO NORTE, excursão que todos os anos fazia com “seu Adelino Maquete”, nesse acidente quebrou as duas pernas e meu irmão o Valmir também precisou ficar internado. 


Com esse acidente ficou totalmente impossibilitado de continuar trabalhando na lavoura por vários meses e um dos fatos que mais emocionava meu pai era o fato de que amigos e parentes plantaram as terras que ele havia programado e doaram seus trabalhos como forma de ajuda, e uma das frases que papai gostava de citar era a de que –“se tivéssemos saúde e amigos o resto seria fácil de conquistar”.

Após o acidente, meu pai não podia trabalhar novamente na lavoura por um período, como não sabia ficar parado comprou uma “carroça” e a equipou da melhor forma para que pudesse “mascatear” e assim fez. Vendia desde um simples alfinete, a chapéus, botinas e etc., e comprava ovos, frangos e galinhas para revender na cidade e entre suas freguesas estavam dona MIQUELINA.

Na década de 70, meu pai passou por uma série dificuldade financeira e precisou “FECHAR AS PORTAS”, coisa que Graças a Deus e aos amigos não durou muito tempo, uma tarde quando estávamos meu pai, minha mãe, meus irmãos e eu na roça ele resolveu que iria emprestar dinheiro de seu amigo Luis Scatoline e reabriria a venda , na hora eu e o Valmir nos propusemos a limpar a venda que havia se transformado num depósito  e pintar e resolvemos pintar portas, barrado e prateleiras de vermelho em homenagem ao meu pai “São Paulino”, e assim fizemos Seu Luis emprestou o dinheiro e nós pintamos de vermelho.O Vermelho hoje simboliza a perseverança, a força de vontade de um homem que com muita FÉ EM DEUS, recomeçou, nos deu exemplo de vida.

Meu pai também substituiu o gerador por iluminação a gás que permitiu que iluminasse todo o campo de botia, a venda, a casa e ainda substitui o ferro à lenha por um mais moderno ferro à Gás.

A luz elétrica foi colocada mais tarde.

Pela VENDA DO PERCEU passaram várias duplas sertanejas que eram trazidas pelo seu AMIGO NENETE, e várias vezes seu “NENETE, DORINHO, ORLANDINHO”, vieram dar uma palhinha para os freqüentadores da venda, entre as duplas que aqui estiveram estão Cascatinha E Nhana, LEU CANHOTO E ROBERTINHO que presentearam meu pai com um disco que continha a música “Vou La na vendinha tomar um pingão...,Prininho e Maninho,Dino Franco e Amarai,  Zé do Rancho e Mariazinha , avós de Sandy e Junior, que na época que aqui estiveram estavam acompanhados de sua filha Noeli, na época mais ou menos com dez anos de idade e pudemos brincar um pouco juntas aqui no sitio e no pesqueiro de seu NENETE no Bairro Matão.

AH! Meu pai adorava propiciar para a população local diversão, fazia festas de SÃO JOÃO, aceitava que se montavam circos de palhaço, e circos com touradas, trazia duplas para cantar nos circos, nas festas da Capela do RETIRO, estava sempre atento.

No final da década de 70, meu irmão José Maria quis continuar os estudos e desejava fazer faculdade de engenharia elétrica meu pai achava que não conseguiria arcar com as despesas, mas permitiu que ele fosse fazer um cursinho preparatório em Campinas, sendo que na metade do Ano, meu irmão foi operado de Apêndice, como a cirurgia complicou precisou fazer nova cirurgia e a partir daí decidiu que faria Medicina em vez de engenharia, passou em três faculdades e com isso novamente contamos com ajuda de amigos queridos.

Nessa época para ajudar nas despesas meu pai e minha mãe começaram a vender lingüiça de porco, chouriço, pururuca e carnes para amigos em bancos e lojas da cidade.

Alguns amigos começaram a vir comprar e comer carne e lingüiça frita aqui mesmo na venda, como o movimento aumentava meus pais abriram o portão do quintal onde tinha uma mangueira que até hoje é lembrada por alguns.

Considerando o estudo, a educação a melhor herança que poderia deixar para os filhos, ele investiu em nossos estudos, conseguiu formar os quatro filhos, e como tinha orgulho disso.!!! Meu pai sempre foi rígido, não nos deixava freqüentar qualquer ambiente e estava sempre que possível junto conosco.


Quando permitiu que fossemos morar em Campinas para estudar, simplesmente “nos soltou”, alguns perguntavam a ele.-“Como que você permite isso?? E ele respondia- “Eu conheço o filho que criei”
E GRAÇAS A DEUS, penso que nenhum de nós o decepcionou, por que ele tinha muito orgulho daquilo que plantou, e colheu frutos...Sua frase predileta entre tantas era:
_ “Digo aos meus filhos que a minha casa é a casa do bom homem e quem não trabalha, não come.”

Ele adorava a família, e éramos sempre em primeiro lugar, meus pais às vezes deixavam de comer ou fazer alguma coisa para nos dar alguma coisa. Ele tinha um carinho especial pelas noras Maria de Fatima esposa de Meu irmão José Maria e por Angela Maria, esposa de meu irmão Valmir, e pelo genro Francisco Carlos – o Chico- meu marido.

E o PERCEU AVÔ, não tenho palavras para qualificá-lo como avô, ele simplesmente foi um avô maravilhoso, presente, carinhoso, rígido, ensinava os netos a Rezar, a tomar a “Benção” e explicava o porque, ensinou os netos a dirigir, e adorava viajar com a família, e conseguiu manter uma tradição  a de ir todos os anos para APARECIDA DO NORTE  E SEMPRE QUE POSSÍVEL COM A FAMÍLIA TODA.

VENDA DO PERCEU
HISTÓRIA DA LINGÜIÇA NA PINGA...

Na década de 60, a VENDA DO PERCEU, era freqüentada pelos “CANDANGOS” que eram os trabalhadores principalmente NORDESTINOS que trabalhavam na construção da ACADEMIA DA FORÇA AÉREA, e moravam em alojamentos dentro da Academia, e o lugar mais próximo que tinham para freqüentar era A VENDA DO PERCEU.

E aqui vinham atrás de comida caseira e que matasse a saudade da comida da terra natal.

 Eles gostavam do FRANGO AO MOLHO PARDO, FRANGO CAIPIRA COM POLENTA, CARNE DE SOL COM ABOBORA e outros.

Enquanto esperavam o preparo da comida, preparavam no balcão LINGÜIÇA COM PINGA.
Naquela época meu pai pegava pinga de alambique do seu “FOLTRAN”, e a pinga pegava fogo, hoje a cachaça já é mais fraquinha e não ajuda muito, mas a tradição continua.

E hoje estamos aqui para recordar.....

A HISTÓRIA
DA QUINTA FEIRA DO PERCEU
E DO ALMOÇO NO SITIO DO PERCEU

NO INICIO DA DÉCADA DE 80, as QUINTAS FEIRAS meus pais começaram fazer lingüiça, chouriço e a vender na cidade para pessoas conhecidas, como em bancos, lojas e comércio em geral, e a servir porções de costelas, lingüiças, chouriço, pernil, torresmo, pururuca e mandioca que ele próprio plantava no quintal.

Como o movimento aumentou e começou a vir famílias papai abriu o portão do quintal onde tinha uma mangueira para que as pessoas sentassem a sua sombra e pudessem degustar porções de costela, lingüiça, chouriço, mandioca e etc. Papai tinha muitos amigos que cantavam musicas sertaneja e começaram a participar das FAMOSAS QUINTA NO PERCEU.

Por aqui NAS QUINTAS FEIRAS passaram muitos conjuntos de toda a região e por várias vezes TV da região como EPTV, SBT, BANDEIRANTE filmaram os famosos BAILÕES que traziam gente de toda a Região.

Ah! Além das TVs a Radio DIFUSORA DE PIRASSUNUNGA, e o nosso GRANDE AMIGO “CHICO MATEUS” foram muito importante para o nosso sucesso.

E NA METADE DA DÉCADA DE 80 começamos fazer FEIJOADA aos DOMINGOS, isto é foi só no primeiro domingo que ficamos “só” na feijoada, porque no segundo domingo papai já quis fazer CARNE DE PANELA, FRANGO COM POLENTA, MACARRÃO, NHOQUE  e etc.E   ele dizia porque não um docinho de leite, paçoquinha, doce de abobora , de mamão para a sobremesa .

E assim começamos o ALMOÇO NO SITIO DO PERCEU, há mais de 20 anos.

E hoje além da FEIJOADA COMPLETA que foi com o que iniciamos, servimos vários outros pratos de comidas caseiras, tais como: carne de panela, vaca atolada, frango ao molho, nhoque, macarrão, torresminho, costela de porco, bolinhos como de chuchu, arroz, croquetes, chouriço, arroz com suan, torresminho e muito mais.

E como não poderia deixar de ter, temos DOCES CASEIROS: pudim de leite ninho (famosíssimo) abobora em calda, abobora com coco, mamão em calda, mamão ralado, torta de banana, creme suíço, arroz doce, sorvete e outros e em ocasiões especiais bolo delicioso.

Temos uma mesa com uma “barriquinha” de uma boa cachaça e BATIDAS como de morango, coco, maracujá, limão, abacaxi e etc., e uma mesa com LICORES CASEIROS de jabuticaba, amarula, cereja e um cafezinho.

Fonte: Família do Perceu. 







SEMANA NENETE 2011 - PIRASSUNUNGA

Chico Capeletto e o Trio de Ouro

Paulo Henrique Tückmantel Dias e Valdemar Moro


Pedro Becker vendendo seus palmitos........

Olha ai gente! O Zé Pavão entre o Nenete e o seu Perceu

O Chico só com gente importante!!!!!!!!





Na foto da esquerda para direita poster do Nenete (in memoriam), Sra Olivia, e poster do Perceu (in memoriam), defronte a réplica da Venda do Perceu.



Venda do Perceu – 50 anos – Junho de 2011.

Há meio século, a Venda do Perceu, era uma modesta paragem do Retiro do Campo Alto.
O dono do lugar, o agricultor Perceu Pereira de Godoy, além da lida da roça, ganhava a vida como mascate.
Em sua carrocinha corria a zona rural vendendo botões, agulhas, retroses de linha, pentes, lamina de barbear, querosene, canivetes, etc.., às pessoas que não tinham como se deslocar até a cidade. Sem luz elétrica, a geladeira era tocada a querosene.
Com muita luta, Perceu e a esposa Olivia fizeram do local um espaço acolhedor, oferecendo apetitosas porções, entre elas a tradicional linguiça na pinga. A venda virou Bar e Restaurante, Perceu faleceu em 2.008.
Hoje, a filha Terezinha, o esposo Chico e as netas Patrícia e Paula dão continuidade à tradição. Uma réplica da Venda do Perceu, pode ser vista durante a Semana Nenete 2011, no Memorial da Cultura Caipira, em frente ao Armazém Cultural Dito Micuim, onde serão servidas deliciosas porções.

Texto copiado do Fôlder confeccionado pela Secretaria Municipal de Cultura e Turismo de Pirassununga, por ocasião da 17ª Festa da Semana Nenete, realizada de 07 a 10 de julho de 2.011, no Centro Cultura de Eventos Dona Belila, na cidade de Pirassununga/SP.










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